A Igreja na Venezuela rejeitou o Natal antecipado, anunciado pelo ditador Nicolás Maduro. Na última terça-feira (3), a Conferência Episcopal Venezuelana divulgou uma nota, pedindo que a data cristã não seja usada para objetivos políticos.
A Igreja afirmou que o Natal é comemorado a partir de 25 de dezembro em todo o mundo, conforme o calendário litúrgico.
“O Natal é uma celebração de carácter universal. A forma e o momento da sua celebração são da responsabilidade da autoridade eclesiástica. Este feriado não deve ser utilizado para propaganda ou fins políticos particulares”, afirmou a instituição, em comunicado no Instagram.
A nota da Conferência foi uma resposta ao anúncio de Maduro na segunda-feira (2), informando que o Natal começará no dia 1º de outubro no país, como expressão de “agradecimento” ao povo venezuelano.
“Setembro está chegando e eu disse: setembro já cheira a Natal. E é por isso que este ano em homenagem a vocês, em agradecimento a vocês, vou decretar o Natal antecipado para 1º de outubro, com paz, felicidade e segurança”, disse o presidente, durante seu programa semanal.
O decreto da antecipação aconteceu no mesmo dia em que o regime ditatorial emitiu um mandado de prisão contra seu opositor político, Edmundo González Urrutia, que venceu as eleições de 28 de julho, de acordo com as atas divulgadas pela Plataforma Unitária Democrática (PUD).
A oposição e a comunidade internacional questionam a legitimidade da reeleição de Maduro para mais um mandato na Venezuela.
Para o pesquisador de Harvard e professor de relações internacionais Vitelio Brustolin, a antecipação do Natal é uma “cortina de fumaça para a fraude eleitoral”.
Não é a primeira vez que Nicolás Maduro adianta as comemorações natalinas. Em 2020, ele adiantou o Natal para o dia 15 de outubro, durante a pandemia. Em 2011, o ditador decretou que as celebrações acontecessem a partir de 1° de novembro.