O psicólogo canadense e comentarista cultural Jordan Peterson criticou recentemente a infiltração do que ele chamou de ideologia “woke” nas igrejas protestantes do Canadá e Grã-Bretanha.
Peterson alerta que muitas instituições cristãs estão se afastando de seus valores centrais em favor de tendências culturais, o que, segundo ele, prejudica a sociedade.
Em uma entrevista ao The Christian Post durante a estreia do filme “Am I Racist?” (Eu Sou Racista, em tradução livre), com seu colega do Daily Wire, Matt Walsh, o escritor de 62 anos destacou a presença frequente de bandeiras “arco-íris” em muitas igrejas protestantes, como um sinal de abandono dos princípios fundamentais do Cristianismo em favor do que ele chamou de “orgulho hedonista”.
“Devemos nos preocupar com a captura das igrejas protestantes pela militância woke do arco-íris”, disse ele.
“No Canadá e na Grã-Bretanha, a maioria das principais igrejas protestantes estão cobertas com bandeiras arco-íris. Quando os cristãos começam a adorar o orgulho hedonista, algo deu terrivelmente errado.”
Peterson afirmou que a adesão de algumas igrejas à política identitária é um desvio perigoso dos ensinamentos centrais do Cristianismo, ameaçando a integridade da fé, especialmente para as gerações mais jovens, que podem ser mais suscetíveis às tendências culturais.
No entanto, ele também apontou que até mesmo igrejas evangélicas conservadoras não estão imunes a problemas. E observou: “Não faltam maus atores na comunidade cristã, do tipo que os ateus costumam criticar”.
Peterson explicou que “o problema fundamental com a prática religiosa é que ela pode ser capturada por narcisistas psicopatas, como vemos na história do Evangelho. Cristo foi intensamente perseguido pelos fariseus, escribas e advogados… Os fariseus são hipócritas religiosos que usam a religião para sua própria autoexaltação. Esse é um perigo real no âmbito religioso, especialmente nas formas mais evangélicas do Cristianismo, que têm sido vulneráveis a serem dominadas por charlatães interesseiros. Isso é um problema.”
Igreja Unida de Bakersfield, Vermont, com a bandeira do Orgulho LGBT. (Foto: Wikimedia)
O escritor aconselhou os cristãos a serem fundamentados em um ceticismo – não em relação à fé em si, mas em relação àqueles que a utilizam de forma inadequada.
“Pelos frutos, os conhecereis”, disse ele, ressaltando que esse versículo das Escrituras é útil para discernir se os líderes religiosos estão genuinamente comprometidos com a fé ou se a estão usando para seus próprios interesses.
“É preciso prestar atenção ao fato de que nem todos que dizem ‘Senhor, Senhor’ entrarão no Reino dos Céus”, afirmou.
Peterson frequentemente discute temas, valores e histórias bíblicas em seu trabalho, destacando a importância cultural e moral do cristianismo, especialmente no contexto da civilização ocidental. Ele escreveu uma vez que “a Bíblia é, para o bem ou para o mal, o documento fundamental da civilização ocidental, dos valores ocidentais, da moralidade ocidental e das concepções ocidentais de bem e mal.”
Crianças
Apesar de suas preocupações com o estado das igrejas modernas, Peterson, que é pai de dois filhos, disse que vê esperança em uma tendência crescente: o renascimento da frequência às igrejas, particularmente em círculos conservadores.
Ele acredita que expor as crianças a valores religiosos tradicionais pode ser a chave para lidar com as complexidades da vida moderna – especialmente na era das redes sociais.
“Estamos vendo um renascimento na frequência às igrejas, especialmente do tipo mais conservador”, disse Peterson. “E suspeito que isso seja provavelmente útil. Proporcionar [às crianças] algo como a exposição a ideias religiosas clássicas é necessário.”
Segundo Peterson, os ensinamentos bíblicos oferecem um arcabouço ético que pode ajudar as crianças a enfrentar as tentações e os perigos da tecnologia moderna, desde a pornografia até o isolamento social causado pelo excesso de exposição às telas.
“Uma das coisas que as telas fazem com as crianças é interferir em sua capacidade de brincar, fazer amigos e interagir socialmente”, disse Peterson. Ele incentivou os pais a limitarem a exposição dos filhos a dispositivos eletrônicos, especialmente durante os anos críticos de desenvolvimento.
“No mínimo, [as crianças] deveriam ficar longe dos celulares até passarem pela fase de brincadeira imaginativa — ou seja, até pelo menos os dez anos de idade”, aconselhou.
O escritor de “12 Regras Para a Vida” também destacou a importância de ensinar as crianças a serem consumidores inteligentes de conteúdo. Peterson encorajou os pais a manterem conversas abertas com seus filhos sobre o que estão assistindo e por que, ajudando-os a navegar no complexo mundo digital.
“Você precisa expô-los ao mundo das ideias”, disse ele. “Faz isso prestando atenção ao que eles estão consumindo, garantindo que os canais de comunicação estejam abertos e conversando com eles sobre o que estão assistindo e por que estão assistindo.”
Polarização política
Embora Peterson reconheça o papel das redes sociais em fomentar a divisão, ele rejeitou a ideia de que os americanos estão tão polarizados quanto podem parecer.
Com base em dados de uma pesquisa de um “amigo de inclinação liberal”, ele sugeriu que a maioria dos americanos, independentemente de sua filiação política, concorda em questões essenciais.
“O que estamos vendo é que pessoas mal-intencionadas estão atraindo uma enorme quantidade de atenção online e promovendo a polarização política”, explicou ele.
Essas figuras manipuladoras, segundo Peterson, estão explorando as redes sociais para criar a ilusão de uma divisão maior do que realmente existe.
“Isso não é um fenômeno novo”, acrescentou. “Isso acontece com culturas com bastante frequência, quando os manipuladores psicopatas ganham vantagem, e é nesse ponto que ocorrem revoluções extremamente danosas. Mas não é porque as pessoas estão realmente polarizadas. É porque os maus atores saíram das sombras e estão agindo livremente. Parte disso é um problema tecnológico, pois não sabemos como regular o comportamento social nas plataformas de redes sociais… Você pode dizer o que quiser e não ser responsabilizado. Isso levou a uma terrível deterioração do discurso público, o que é muito perigoso.”